Não é só a picanha que alegra o proprietário rural.

Me chamou a atenção uma noticia recente de "O Globo", segundo a qual na India o preço da terra está em disparada. Por lá o governo vem desenvolvendo um vigoroso programa de energia solar, o que resulta em aquisições de áreas privadas para instalação das placas. Por aqui, por outra via, é também a questão ambiental que está fazendo o preço da terra subir. Os estudos são fartos em demonstrar aumentos superiores a 500% na última década.

Como fator de produção determinado, a terra agrícola entrou desde os anos noventa, principalmente por causa de restrições ambientais, em uma escalada de preços muito forte. Só com o crescimento vegetativo da população e a correspondente necessidade de produção de alimentos, mesmo descontados os aumentos de produtividade, a terra já passa a ser crescentemente escassa, determinando valorização acima da que sofrem os preços médios da economia. Com a "diminuição" da área total agricultável imposta pela regulamentação (reservas indígenas, unidades de conservação, reservas legais...), a escassez é ainda maior repercutindo diretamente nos preços. Some-se a isto a baixa disponibilidade de terras públicas para a reforma agrária, o que obriga o órgão fundiário a comprar terras e temos o melhor caldo para a alegria dos proprietários rurais.

Assim como na India, o desenvolvimento de programas ambientais que incidam de algum modo sobre a terra impondo restrições ao seu uso agrícola terminam por valorizá-la como mercadoria. É do jogo.

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