Tião Bocalom – uma derrota com sabor de vitória.

Uma candidatura quase monocórdia, centrada na produção agrícola, de pequeníssima estrutura financeira, escassos recursos de marketing e propaganda, e um candidato sem carisma pessoal e de pouca experiência política, mas com uma extraordinária tenacidade, vigor e capacidade de trabalho fizeram balançar a hegemonia petista no Acre. Não parecia razoável que, ao final, Tião Bocalom praticamente empatasse o jogo com a poderosa Frente Popular do Acre, à frente seus maiores lideres, os irmãos Viana. A derrota por mínimos décimos percentuais teve sabor de vitória, pois afirmou que é possível ganhar. Serra, Petecão e MarcioBittar ganharam espetacularmente. O eleitor do Acre começou a realizar um movimento de crítica ao modelo vigente e ensaia o desembarque. Deixou nesta um aviso muito claro. O próximo porto surgirá em dois anos.

A oposição fará de oito a dez deputados dependendo da Justiça Eleitoral, elegeu três deputados federais, entre eles os dois mais votados, e um senador. O que fez a oposição para chegar tão longe em condições tão adversas? Arrisco:

Em primeiro lugar, encontrou e explorou uma fragilidade na frente adversária que é a incapacidade demonstrada até agora de dar respostas efetivas, irretorquíveis, definitivas, quanto ao desenvolvimento econômico e geração de emprego no estado. A produção agrícola tomada como bandeira pelo candidato Tião Bocalom não foi efetivamente desmobilizada por dados concretos.

Em segundo lugar, vidraças governamentais como a pavimentação da BR 364 que se arrasta há doze anos, o crescimento da violência urbana e a precariedade do sistema de saúde foram atingidas de modo consistente pelo candidato da oposição.

Em terceiro lugar, há que se reconhecer, o Tião Bocalom é um homem tenaz, sério, firme, que se não atrai admiração e simpatia, gera credibilidade. Sua linguagem e postura inspiram confiança. Sua falta de traquejo político é compensada por um objetivo perfeitamente identificado ao qual se lança com todas as forças.

Desta vez a população o abraçou e disse-lhe claramente que o aceita como líder político importante. Se der mais atenção à construção de um verdadeiro programa de governo, mantiver um diálogo permanente com a população e estabelecer laços efetivos com setores da classe média, empresários e profissionais liberais, muito provavelmente viabilizará seu projeto.

Comentários

  1. Bocalom fez campanha sem marqueteiros, poderio político por trás, imagine agora se tivesse contado com todas essas regalias usufruídas pelo senador-relógio-do-mal? Operaria milagres e talvez tivesse fechado com 60, picos de 62% da maioria absoluta de eleitores acrianos... Uma coisa é certa: Bocalom usou muito bem o horário eleitoral gratuito, sua propaganda era de longe, a melhor, sem demagogia, sem maquiagem da realidade, apenas respostas aos anseios nunca ouvidos pela FPA no tocante à saúde e a segurança pública. Fechou com chave de ouro no debate da TV Acre, usou seu tempo sabiamente enquanto Tião Viana tentava desqualificá-lo de cinco em cinco minutos ou dizer que ele não sabia do que estava falando, obviamente toda aquela arrogância do irmão de Jorge foi compreensível no início, mas depois de 20 minutos encheu o telespectador e quem estava indeciso ou não conhecia direito o Bocalom, a partir daquele momento passou a ser cabo eleitoral! Derrota com sabor de vitória, vc disse bem.

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  2. Bocalom, vale ressaltar, foi maioria em Rio Branco (52%) o que o catapulta sem grandes tanstornos para Prefeitura em 2012 ou ainda, novamente o governo em 2014, numa posição mais confortável, mais conhecido e fortalecido, porque todos nós sabemos que o PT não vai mudar mesmo, eles se acham a cereja do sorvete, nunca estão errados em nada e ai daqueles que apontarem alguma falaha neles!

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