Se não for assombração, nada volta do passado. A economia, muito menos.

Embora, com todo direito, seja o mote da campanha da dona Dilma, a comparação entre governos FHC e Lula como corte para comparar Dilma e Serra é um raciocínio que somente pode ser aceito como peça publicitária. É para ganhar a adesão de quem pouco alcança na análise da economia e do desenvolvimento. Tudo bem que o pedreiro pense e diga, como no programa da dona Dilma, que antes não havia tanto emprego quanto hoje e que isto seja suficente para sua decisão entre os dois candidatos. Nestes limites de raciocíno está certo o pedreiro. Duro é ver gente esclarecida, alguns até muito esclarecidos em alguns ramos, exibirem este argumento tosco do "se Serra for eleito o passado volta". Que decepção!

Esta historia de volta do passado, se não for assombração não ocorre nem na natureza, quanto mais na economia. Aos ignorantes, o perdão, aos esclarecidos, o chicote da realidade. As condições sob as quais o Brasil se inseriu durante o período FHC na economia global são radicalmente diferentes das que o Lula enfrentou para nela surfar alegremente enquanto o mundo inteiro crescia a taxas elevadas. A economia é um processo contínuo, é um acúmulo de ações e de reações em circunstâncias específicas e temporais que não se repetem. Se Heráclito, o filósofo, tinha razão quando disse que um homem nunca percorrerá o mesmo rio porque não será o mesmo homem nem o rio será o mesmo rio, teria ainda mais razão se tratasse da economia.

Justificar o voto na Dilma sob este argumento tosco é de uma ignorância somente permitida àqueles que a propaganda quer mesmo alcançar, ou seja, a massa ignara do bolsa-família. Ninguém que tenha passado do segundo grau sem colar nas provas tem o direito de repetir esta falácia.

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