Sobre falas de zumbis e cegos

Zumbis ainda perambulantes entre nós, de vez em quando abrem suas bocarras, de onde se pode ouvir os gemidos de milhões de vítimas de Stalin, Mao e Pol Pot, para tentar virar a roda da história ao contrário e enxergar nos eleitores livres do bolsa-família e do vale-eletrodoméstico, uma manifestação do que chamam de direita. Alguns chegaram ao cúmulo de misturar a Marina Silva com a TFP, Fernando Gabeira com a Opus Dei, José Serra com Plinio Salgado e assim por diante. Tolices de quem não consegue ler o presente sem tirar das vistas as lentes do atraso e das velhas concepções.

Essa gente nunca teve espírito crítico, se o tinham esfumaçaram-no com a poeira do muro de Berlim. Perderam o azimute. Acolhidos hoje sob o guarda-chuva fisiológico e populista do governo Lula, a maioria pendurados nas boquinhas dos sindicatos e do aparelho estatal, quando não de ONG's financiadas com o dinheiro público mal fiscalizado, acham genial dividir a sociedade brasileira entre os que apoiam o Lula e, por isto deveriam receber obedientemente suas ofertas eleitorais, incluido Collor, Sarney, Renan, Romero Jucá, Jáder Barbalho e outros de menor folha corrida, e os que não o apoiam. Maldita ignorância. Asqueroso fanatismo.

Para desgosto das almas moféticas o eleitor não faz apenas contas de somar. Muitas vezes suas decisões vão mais além do que recomendam sua barriga vazia e sua boca banguela. Os brasileiros, felizmente, possuem valores morais e éticos que os fazem lembrar da corrupção sistêmica, dos desvios mal apurados e mal punidos, dos acordos espúrios jamais explicados, da venda e compra de votos e consciências, da afronta à liberdade, do atentado ao direito de propriedade e da ameaça à vida, movimentos dissolutivos do padrão social que engendramos ao longo de nossa história.

E tem os verdes. Não concordo com tudo o que pensam, não acredito em tudo que propõem, não me alisto entre os alarmistas do aquecimento global, até desconfio de onde querem chegar, mas percebo com clareza que nestas eleições 20 milhões de almas vivas se deram conta de que o mundo não acaba aqui, que a responsabilidade do voto é teleológica e encontraram em Marina Silva não um ponto de chegada, mas um caminho, mais ético, mais honesto, mais justo e mais fraterno, um projeto visionário. Diferentemente do que pensam em suas tumbas os órfãos de Lenin, a candidatura de Marina Silva exerceu o papel mais legítimo que poderia em uma sociedade democrática - a expressão de uma idéia. Ocorre que para as mentes autoritárias nada é mais perigoso do que uma idéia em movimento. Talvez seja isto que não perdoam certos zumbis. Eles detestam as idéias livres, eles odeiam as diferenças, eles não perdoam o dissenso.

Como sugeriu Lula diante dos próprios índices de popularidade, "aqueles 3% de ruim e péssimo devem ser de algum comitê do Serra". Só se contentam com a totalidade. Há sinal mais evidente do que está em marcha no Brasil?

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