José Serra - uma vitoria com gosto de "por aqui o buraco é mais embaixo".

Grandes jornalistas e cientistas políticos brasileiros se prguntaram nesta segunda-feira por que cargas d'água, no Acre, onde a hegemonia petista dura 12 anos, a dona Dilma teve a pior performance entre todos os estados. Some-se a isto que os líderes petistas daqui são unha e carne com Lula e o espanto é compreensível. De outra parte, por que será que sem vir aqui uma única vez, sem ter um deputado federal ou um senador sequer, o tucano José Serra teve a sua melhor performance entre todos os estados? Caso para Freud? Não. Há razões muito objetivas para explicar o "fenômeno".

Em primeiro lugar, a população acreana tem ótima lembrança do período tucano no governo federal. Os petistas locais não se cansavam de propagar o prestígio que gozavam junto a FHC, dona Ruth e outros. Era comum se propagandear as visitas pessoais e até uma recepção ao então governador Jorge Viana no palácio da Alvorada. Simbolicamente, no funeral de dona Ruth, estava nas primeiras filas o petista Jorge Viana. Recursos muito generosos foram transferidos para o Acre na época. A idéia transmitida era de que "até os adversários gostam da gente". Outros exemplos poderiam ser citados para sustentar que para o Acre, se Lula foi um pai, FHC foi uma mãe. O resultado é que o próprio PT construiu uma imagem positiva dos tucanos nacionais, o que dificulta grandemente a desconstrução atual.

Em segundo lugar e, talvez, mais importante, é o fato de que o presidente Lula e seus ministros tenham se transformado em figuras fáceis no Acre, demonstrando com justiça o prestígio dos políticos locais, suas ações e programas foram de certo modo recobertas pela propaganda do governo local, ou seja, o que é do governo federal quase sempre foi transformado no que é do governo local. Ao observar uma obra federal ou saber da aplicação de recursos federais, o eleior sempre foi levado a ver o presidente Lula em segundo plano, o primeiro era ocupado pelos políticos locais. A popularidade do Lula entre nós não é, certamente, tão elevada quanto em outros estados governados pela base aliada. Não há, por assim dizer, um Lulismo à feição do nordeste. Aqui há Vianismo.

Em terceiro lugar, com menor importância, está o afastamento da Marina Silva do Ministério do Meio Ambiente em grande parte motivada por desentendimentos com a Dilma. Por cá isto soou como ingratidão e desrespeito com a nossa queridinha. Algum peso isto teve no resultado da Dilma que foi menor que a metade do resultado do Tião Viana.

Em síntese, nem é fácil desconstruir os tucanos nacionais e tirar votos do Serra, nem tampouco transferir votos de Lula para a Dilma, já que o próprio Lula não tem por cá toda essa popularidade. Lembremo-nos que ele próprio perdeu para o Alckimin no primeiro turno da eleição passada.

Poderá a situção ser revertida no segundo turno como almeja a FPA? Talvez. Da vez passada, contra o Alckimim, as oposições não tiveram nenhum fôlego para defender seu candidato no segundo turno. Os governistas fizeram campanha sozinhos. Além disso, o resultado eleitoral local de 2010 foi mais animador, o que dificulta uma mudança de posição do eleitor. Por último, o Serra parece apresentar mais viabilidade eleitoral do que o Alckinim e é muto mais conhecido.

Por tudo isso, se as oposições tiverem o engajamento mínimo na eleição do segundo turno, os governistas terão que suar muito para entregar à Dilma uma vitória no Acre.

Comentários

  1. Olá! Walterlucio, gostei muito da sua analise politica a respeito do FHC e do pleito.A sua analise e correta. Eu fui no acre so votar nos 45. abraço Elisio Rebouças/ Ribeirão
    elisiore@ig.com.br

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  2. Elisio, obrigado pela visita e comentário. Volte sempre.

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