A ZPE do Acre. Exportar o quê?

A ZPE - Zona de Processamento de Exportações do Acre, criada recentemente no município de Senador Guiomard, se tranformou na grande novidade não apenas do governo, como das próprias eleições, já que foi introduzida com força no Plano de Governo do candidato Tião Viana, o que repercute imediatamente nos discursos também da oposição, seja pela desconfiança quanto à sua instalação, seja pela dúvida em relação aos seus reais efeitos sobre a economia local.

O Governo atua de modo célere. Em tempo recorde até criou a empresa responsável por sua implantação. Os empresários estão alvoroçados e a população em expectativa. A  campanha eleitoral anuncia: Vêm ai o Tião Viana e a ZPE. Estes são, no horizonte, os fatos que mais animam a sociedade.

Penso que é necessário esclarecer um pouco melhor esta perspectiva que alguns reputam redentora. A primeíríssima pergunta que se faz no Acre diz respeito aos produtos que serão industrializados e exportados, afinal, a indústria é pressuposto da existência de uma ZPE, lembrando que neste caso a empresa tem que exportar 80% do que produzir. Afinal, quais produtos acreanos serão industrializados e exportados?

Por enquanto as respostas são vagas, genéricas. Em textos do próprio governo consta que "produtos de base florestal"  são o foco da ZPE, o que nos leva a deduzir que estamos tratando basicamente de madeira, castanha e borracha que são os que alcançam escala compatível. Mesmo assim, em termos. É muito pouco.

Tenho como certo,  acompanhando uma série de especialistas no desenvolvimento econômico, que o sucesso ou fracasso de uma ZPE depende da economia a ela associada. Não esqueçamos que a causa mesma da existência do modelo é o aproveitamento de vantagens comparativas. A maximização dos efeitos positivos decorre da utilização dos recursos abundantes localmente que, desonerados de impostos, podem ser exportados de modo competitivo.

Surge ai uma questão que me parece razoável apresentar. Não seria este o momento certo para que no Acre fosse implantada uma forte economia de base agroindustrial? Penso e proponho aos interessados que a exploração agrícola, através de um  pólo de fruticultura tropical é capaz de, sem promover novos desmatamentos, dinamizar a economia regional fixando a mão-de-obra no campo, diversificando a produção e criando uma nova classe média rural com todas as ligações para trás (backwards linkages) inerentes ao desenvolvimento do setor.

No noticiário e em documentos a que tive acesso, não consta esta perspectiva, pelo menos não de modo claro. Aguardemos.

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