Extra! Extra! "Eles" estão chegando.

Não. Não conheço em profundidade as causas da violência. Não sei falar da questão da segurança como de outros assuntos. De violência eu entendo apenas o sentir e o sofrer. E sinto. Sinto muito que o Acre esteja enfim revelando-se de tal modo violento e perigoso.

Penso, contudo, que não se trata de um processo explosivo, agudo, como se de uma hora para outra os criminosos de prática e de mente despertassem para a ação, fazendo reféns, assaltando à luz do dia, invadindo casas e lojas, vilipendiando jovens e crianças, humilhando famílias, matando inocentes. Não há uma horda de assassinos saqueando uma cidade indefesa.

O que parece razoável afirmar é, por um lado, que o caldo de cultura em que se desenvolve a violência começa a produzir safra maior e frutos mais podres e, por outro, que por alcançar as classes mais abastadas, já não é possivel escondê-la.

Lembro que ouvi por diversas vezes de um dono de jornal em Rio Branco, em 2006, que a noticia que mais incomodava o governo era a violência e, por isto, seus meios de comunicação privilegiavam este tema enquanto todo o resto da mídia, aliada ao governo, se dedicava às boas noticias.

Ocorre que enquanto a violência diária se restringia aos bairros periféricos a sua repercussão era mínima. Muitas vezes a vítima até se confundia com o criminoso. Era coisa "entre eles", e "entre eles" ficava. Agora mudou. A cidade cresceu, o consumo e tráfico de drogas inundou a cidade, o desemprego de entrada no mercado de trabalho não teve solução e a coisa mudou. A violência da periferia transbordou para o centro nos pegando de calças curtas. Agora é entre eles e nós. Dai a revolta, a tristeza, o medo.

Não sei se o aparato de segurança do Acre é suficiente em número, em qualificação, em equipamentos, em recursos financeiros. Talvez até seja. Já disse antes que não entendo muito de violência. De qualquer modo, é certo, não está correspondendo às necessidades. Se é assim, quantos mais homens e equipamentos e recursos e tecnologia e inteligencia e gestão serão necessários? Os comandantes dirão.

Talvez seja a hora de, por outro lado, pensar também em quantos empregos e empresas e terra e agricultura e indústria e cursos e recursos e infraestrutura e investimento produtivo e esporte e cultura serão necessários para que "nós e eles", sem distinção, possamos viver minimamente em paz.

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