Não, Marina, assim não dá.

A Marina está seguindo uma estratégia perigosa para quem deseja governar o país. Marina é contra o aborto e, como evangélica, deveria ser militante contra o assassinato de fetos, só que ao invés disso propõe a realização de um plebiscito. Hoje deu declarações de que é contra a descriminação da maconha, mas quer um plebiscito. Não sei se quer um plebiscito também para a pena de morte, mas, por coerência, poderia.

Penso que esse negócio de ficar delegando à votação decisões deste porte é algo arriscado. Imagine que na hipótese de um plebiscito vença a legalização do aborto. O resultado imediato é o governo federal aparelhar os hospitais públicos e treinar médicos-açougueiros para realizarem a matança de modo a diminuir os riscos para a mãe abortadora. Pergunta-se: A Marina Silva, evangélica e ambientalista fará isso sossegadamente como quem investe no combate à hepatite? A sua consciência se liberta pela "vontade do povo"?

Na outra hipótese, digamos que o consumo da maconha seja legalizado trazendo consigo todo o encadeamento de outras drogas, de tráfico, de desagregação familiar, de destruição de vidas, de violência... A presidenta Marina Silva assistiria à expansão da tragédia tranquilamente da janela do palácio como quem olha o irrevogável pôr do sol?

A Marina Silva, cuja coragem e ousadia estão muito além da capacidade do político comum, parece estar se rendendo à mediocridade do politicamente correto na esperança de com isto ganhar votos da turma dos descolados. Não sei se ganha. Avalio contudo que o que a população percebe de mais legitimo em sua candidatura é o seu conteúdo ético, e não cabe a quem defende a vida do urso polar pretensamente vítima do aquecimento global se omitir perante a perspectiva do assassinato de fetos promovido pelo Estado no hospital ao lado.

Creia Marina Silva, tenho encontrado mais votos seus entre senhores e senhoras cansadas da corrupção, do oportunismo, dos escândalos, do menoscabo pelo interesse público e da imoralidade que cerca o poder do que entre os frequentadores de bailes funk ou de seminários de todos os dias.

Há ainda a hipótese de que esteja tão certa da derrota das propostas que não se incomoda que elas sejam submetidas a plebiscito. Pode ser, mas não muda nada.

Comentários

  1. Nielsen O. M. Braga1 de junho de 2010 às 15:13

    Como senadora, ela usou bem a tribuna no campo das idéias e dos discursos éticos, mas quando a coisa pedia ação prática, era um Deus-nos-acuda. Deram-lhe o Ministério do Meio-Ambiente e então pensaram: agora ela será nossa personalidade internacional, mas foi aí que o tiro saiu pela culatra. Ela não conseguiu render o que poderia ter rendido graças ao presidente 'Mula' que ao invés de funcionar como sua bebida energética, funcionou mesmo foi como gororoba-de-bruxa... Bem-feito! Agora quer ser presidente, após desfiliação daqueles que patrocinavam suas muitas teses e teses e teses... Essa mulher requer uma paciência sacal que eu já não tenho mais. Ela defendeu um projeto sustentável que uniria desenvolvimento sustentável e modernidade. Pergunto: o Acre é moderno em todos os seus municípios? Há coleta seletiva do lixo, reciclagem, escolas rurais com energia solar e preocupação ambiental no comportamento de cada acreano? Há consciência sócio-ambiental no Acre inteiro? Não sei se estou louco mas não vi nada disso sair do papel... A tribuna do Senado ainda seria o local mais apropriado para teses e teses e teses...

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  2. Se esses plebiscitos todos fossem aprovados e vencidos, o caos se instalaria no país. Já se faz coisas erradas com Leis específicas, imaginem com a liberação de certas coisas. Só no Acre, com a liberação da maconha, segundo o deputado Valter Prado, 20 mil pessoas ficariam sem "trabalho". Acho que deveríamos fazer um plebiscito pra aprovar a pena de morte, "só para políticos corruptos", que seriam executados em via pública, no momento em que fosse descoberta a falcatrua. Será que pega? Sim, a execução seria "a beliscão" da população... hehehe. Marina está perdida! Tanto nos temas, como nas eleições!

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