Graziano, alimentos, biocombustíveis e meio ambiente. Quero uma equação.

Na ressaca da comemoração da "vitória" brasileira na indicação de José Graziano para a direção-geral da FAO e, ainda, levando em conta suas declarações a respeito dos biocombustíveis, achei interessante traduzir e divulgar um trecho do relatório "Estimates of Global Food Production in the Year 2050: Will We Produce Enough to Adequately Feed the World?" publicado em 15 de junho do corrente pelo pesquisador Craig D. Idso, Ph.D do Center for the Study of Carbon Dioxide and Global Change.

Biocombustíveis
por Craig D. Idso.

A produção de energia a partir de biocombustíveis representa um adicional, mas muito importante problema, afetando a segurança alimentar global futura, uma vez que, nas palavras de Spiertz e Ewert (2009), "a produção de biomassa vai competir com culturas alimentares por terras aráveis ​​e escassos recursos de água doce", o que só vai piorar o problema da segurança alimentar e ainda dizimar o que resta da natureza selvagem.

Em um artigo publicado no Journal of Nutrition Vegetal e Ciência do Solo, Rattan Lal (2010) do Centro de Gestão de Carbono e Seqüestro de Ohio State University (EUA), comentou sobre esta preocupação ao escrever que (1) "ainda há mais de um bilhões de pessoas com insegurança alimentar no mundo (FAO, 2009a, b), "(2)" a oferta mundial de alimentos terá que ser duplicada entre 2005 e 2050 (Borlaug, 2009) por causa do aumento da população e mudanças nas preferências alimentares ", e (3)" a demanda mundial de energia também está aumentando rapidamente e está projetada para aumentar em 84% em 2050 comparado com 2005. "E o que torna o problema ainda pior é o fato de que em uma tentativa de atender o aumento previsto na demanda global por energia", a ênfase em biocombustíveis vai impactar fortemente a disponibilidade de grãos para alimentos e os recursos do solo para produção de grãos. "

Como muitas pessoas começaram a perceber a importância deste último problema, Lal indica que os resíduos de culturas estão sendo "amplamente considerados como uma fonte de biomassa lignocelulósica." No entanto, ele diz que a remoção de resíduos de colheita para este fim "não é uma opção ( Lal, 2007) devido aos impactos negativos da remoção sobre a qualidade do solo e aumento da erosão do solo (Lal, 1995)," bem como a perda do resíduo do "impacto positivo" em " numerosos serviços do ecossistema".

Em outra mudança na tática, relatórios de Lal afirmam que solos degradados estão sendo considerados como possíveis locais para o estabelecimento de plantações de energia. No entanto, Lal (2010) observa que, com sua capacidade extremamente baixo para a produção de biomassa e a quantidade de biocombustível produzido no mundo, as terras agrícolas abandonadas não podem atender sequer 10% das necessidades energéticas da América do Norte, Europa e Ásia, citando o trabalho de Campbell et al. (2009) a este respeito. No entanto, mesmo essas considerações são apenas metade do problema.

Além das consideráveis necessidades de terra, Lal escreve que o "estabelecimento de sucesso nas plantações de energia também precisam de nutrientes para as plantas", bem como de um "suprimento adequado de água." E uma vez que um suprimento adequado de água é algo da ordem de 1000 -3500 litros por litro de biocombustível produzido, é, como ele mesmo diz, "um fator importante." E ele observa que esta estratégia também "aumentam a concorrência pela terra e água que são recursos limitados, aumentando assim os preços da cultura alimentar e do gado (Wise et al., 2009). "

Lal fecha sua revisão afirmando que a sociedade não deve ter sua base de recursos preciosos para concedida para os biocombustíveis, afirmando que "se os solos não são restauradas, as culturas vão falhar, mesmo se as chuvas não; a fome irá perpetuar mesmo com ênfase no uso de biotecnologia e cultivos geneticamente modificados; conflitos civis e instabilidade política vão assolar o mundo em desenvolvimento mesmo com sermões sobre direitos humanos e ideais democráticos; e a humanidade irá sofrer, mesmo com grandes avanços científicos ".

Graziano da Silva assume a FAO num momento em que se questiona mundialmente os preços dos alimentos e a expansão dos cultivos para produção de biocombustíveis. Na outra ponta, restrições ao uso da terra e os ambientalistas que o ajudaram a chegar à FAO. Que sinuca!

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