Nem só com grana se faz um político sem-vergonha.

Em 12 anos de proximidade com parlamentares no Congresso Nacional, acompanhando de perto ou de longe o seu funcionamento, vi muita coisa que não deveria ter visto, muita gente que não deveria estar lá e muitas atitudes que não deveriam ter sido tomadas. As maiores patifarias foram sem dúvida praticadas por dinheiro, seja cash ou travestido em oportunidade ao roubo através de cargos e liberações. Mas não é só em grana que se enlameia um mandato.

Uma das maiores calhordices que vi acontecer foi parlamentar, legalmente encaminhada por deputados, mas que imbutia o engôdo, a dissimulação e o estelionato moral. Refiro-me à PEC 300 através da qual, por anos, enganaram os policiais militares e bombeiros de todo o país. Todos, sem exceção, incluindo os seus autores e apoiadores sabiam que ela jamais seria aprovada. Nenhum governo seria capaz de administrar a elevação dos salários das corporações aos níveis praticados no Distrito Federal. Pelo valor e pelo efeito cascata que provocaria nas demais categorias. Um soldado em inicio de carreira jamais ganharia, como em Brasília, cinco vezes o salário de um professor com nível superior. Nem faz sentido.

O único efeito prático daquela pantomima foi a excitação e a organização da categoria e, obvio, a eleição e reeleição de alguns espertos que estavam no comando. Nem sei por que, mas lembrei disso. Talvez por que ando sem assunto.

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