Mais forte que o poder é a perspectiva de poder

Há uma vertente de pensamento fundada na presunção de que o poder, por sua força e circunstâncias promove e garante a si próprio. Embora respeite os que pensam assim, pois conheço as dificuldades de quem está fora dele, discordo da tese e explico.

É certo que em pequenas unidades, como o Acre, por exemplo, onde o executivo está relativamente mais presente na vida das pessoas, seja a partir de suas funções básicas, ou pela presença nos meios de comunicação, e mesmo como indutor do desenvolvimento através de seu poder regulatório e de seus investimentos, o governo possui uma força extraordinária, o que lhe garante inegáveis elementos de dissuasão e convencimento.

Nas pequenas unidades da federação é comum se ouvir que a discricionariedade do governo está presente em absolutamente tudo. Daí sua força. Pois digo: sua força e sua fragilidade. Por determinar o ritmo e o sentido de “todas as coisas” o governo pode ser igualmente cobrado, ou seja, ele é direta ou indiretamente responsável por “todas as coisas”, o que, convenhamos, consiste em extraordinária responsabilidade e imenso campo de luta política. Tudo é “culpa do governo”.

A esta fragilidade corresponde a força da oposição que pode a qualquer tempo e, muitas vezes, de modo descompromissado apontar erros, omissões, fracassos, distorções, desvios... e, assim, desconstruir o projeto em andamento. Mas isto não basta. É preciso mais. Muito mais.

A desconstrução de um projeto político, por mais fracassado que seja, não é suficiente para determinar a sua derrota. É preciso oferecer algo, outro projeto, que o substitua com vantagens. Do contrário, aquele poder discricionário prevalece, mantendo-o ou o obrigando-o a renovar-se.

Mais forte que o poder é a perspectiva de poder. É ela que excita a força criativa de lideranças e intelectuais, que põe em movimento as bases eleitorais, que anima os atores políticos e faz pulsar a militância. Não fosse assim, o poder seria eterno. A questão que se coloca é em que condições esta perspectiva pode se realizar objetivamente. No dizer do deputado Moisés Diniz “Demanda tempo, abnegação e espírito coletivo, é preciso ter líderes para comandar, plataforma política unitária e operadores que transitem em todos os partidos.” Como discordar?

A discreta contraposição que faço ao deputado é relativa ao tempo. Há tempo, sim. E por que há? Ora, porque já se vão 12 anos de exercício de oposição. Fragmentada, muitas vezes despolitizada, mas oposição perfeitamente identificada em seus atores e concepções. Uma oposição inclusive testada várias vezes, algumas de modo bastante animador. Creio que, estabelecidas as outras condicionantes, o tempo é o de menos.

Atendendo saudável provocação do deputado Moisés Diniz, devo dizer que sei que ensaios, teses e opiniões vindas deste humilde blog não altera coisíssima nenhuma. Nem é essa a intenção. Seguramente há gente muito mais sábia nesta tarefa. É que mesmo não sendo filiado a nenhum partido continuo eleitor acreano e, sabe como é, cada um com sua “cachaça” né?

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