O assessor e sua excelência o assessorado.

Em post recente o jornalista Archibaldo Antunes, com certa razão, esmaga a assessoria do Tião Bocalom por ela não saber sequer o significado da sigla do seu partido, o PSDB. Para não perder a viagem, Archibaldo conjectura que tal nível de assessoria tem a ver com o nível do assessorado. Não tenho elementos para endossar a referência mas percebo no texto uma questão importante que é o papel do assessor na construção do personagem político.

Todos nós certamente já ouvimos em algum momento a frase "ele é fraco, mas se tiver uma boa assessoria..." ou, em situação inversa, "ele é muito bom, nem precisa de assessoria". Nem oito nem oitenta. Não há assessor capaz de transformar um ignorante em sábio, nem tampouco gênio que dispense uma boa assessoria. De modo geral os políticos se cercam basicamente de quatro tipos de assessores. Sucintamente, os descreveria assim:

O primeiro, de caráter privado, é responsável por economizar o tempo necessário em questões comezinhas e imediatas, trata de contas, de transporte, de agenda e muitas vezes de asuntos que envolvem a própria família do político. É uma espécie de secretário particular.

O segundo, de caráter político, conhece os membros do partido, os políticos, os adversários, os contatos no interior, os representantes de classe, acompanha os temas em debate no estado e opina sobre acordos e posicionamentos publicos. É o articulador.

O terceiro, de caráter jornalístico, conhece a mídia, seus representantes, seus interesses, identifica as oportunidades, opina sobre as condições de visibilidade perante a sociedade, ajuda a construir a imagem pública, faz a mediação com a imprensa, define estratégias de marketing... É o assessor de comunicação.

O quarto, de caráter técnico, conhece os temas em debate na sociedade, aprofunda a análise de cada um, estuda os dados, gera propostas, refuta teses de adversários, produz argumentos de ataque, constrói plataformas políticas... Como se diz na gíria, "oferece o prato mastigado". É o assessor técnico.

O melhor papel que essses profissionais podem realizar é algo pedagógico. É potencializar o político, é promover suas habilidades e competências, é ajudá-lo a desenvolver suas próprias capacidades, é, por vezes, contribuir para que mude sua atitude. Nesta relação, o assessor também é beneficiado porque ao longo do tempo, tantas vezes confrontado com a realidade política, aprende a compreender a natureza do político. Em razoável dizer que assessor e político se transformam um ao outro.

Onde o assessor não atua é no caráter pessoal do político. E vice-versa. O político mau caráter, o arrivista, o pernóstico e o corrupto não contaminam o assessor probo e honesto assim como o assessor malandro não obriga o político virtuoso.

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