O salto da Classe "C" pode ser miragem.

Certa mídia anda eufórica. Segundo estudos da Fundação Getúlio Vargas a chamada classe “C” – aquelas pessoas cujos lares recebem entre R$1.115 e R$4.807 por mês – tornarem-se 49.22% do total da população brasileira. Um salto de quase 12% desde 2003. De fato não é pouco.

O que me chama a atenção na noticia é que o intervalo de classe é muito amplo. O limite superior é 4,3 vezes o limite inferior. Isto significa que um operário que ganha 2,2 salários mínimos pertence à mesma classe social do médico que vai passar no próximo concurso do INSS (inscrições abertas) e ganhar R$ 4.149,89. Faz sentido? Moram no mesmo bairro? Seus filhos estudam na mesma escola? Possuem o mesmo carro? Certamente não, portanto, o operário e o médico NÃO pertencem à mesma classe.

Aplicados os limites à classe B, por exemplo, o sujeito que ganha R$ 4.808,00 pertence à mesma classe daquele que ganha R$ 20.674,40. Também não faz o menor sentido.  Há um vício de origem na estatística.

Outro dado explica parte deste salto fantástico no crescimento da classe “C”. Desconfio que o crescimento mais forte se deu na margem inferior do intervalo de classe. Com o crescimento real do salário mínimo, o sujeito que ganhava 2 salários mínimos e pertencia à classe “D’, hoje continua ganhando 2 salários mínimos, mas mudou de classe pois os dados tomados em termos absolutos permitem a ultrapassagem do limite superior da classe D. Grandes coisas.

Então, caros, eu diria para tomar cuidado com os números. Dependendo da interpretação que se lhes dê enganam mais que cochicho de mulher-dama.

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