No governo, continuar é recomeçar. Sempre.

Um dos problemas da transição entre governos de continuidade é o açúcar que os de agora lançam sobre os dados do presente para adoçar a boca dos donos do futuro. Uns na tentativa de serem reconduzidos à sua parte no latifúndio do governo, outros para minimizarem o próprio fracasso.Quem entrega sua pasta sempre dirá que fez o máximo e que entre o antes e o depois a diferença é extraordinária. O nunca antes neste país (ou estado) virou vício de linguagem. Quando juntar todas as partes e resultados dos últimos quatro anos o novo dono do pedaço deve se perguntar por quê não teve a unanimidade dos votos de tão boa que a coisa está. Até se compreende que queira jogar a culpa no eleitorado, este ingrato.

A tendência de quem apresenta os relatórios de gestão é sempre superfaturar os resultados, os indicadores e as estimativas, fazendo com que o novo governante acredite que seu trabalho será tocar adiante o que já está em andamento com insuperável sucesso, ainda que na realidade signifique o itinerário do fracasso.

Outro dia conversei com um membro do alto escalão do governo. O homem parecia tão seguro dos dados que exibia que precisei contrapor seu júbilo com estatísticas oficiais. Não se deu por vencido. De cara foi logo dizendo: "Estes indicadores não servem, foram criados para realidades diferentes da nossa".  Ah, não. Esta cantilena de novo, não.

O meu conselho (se pudesse ser ouvido) aos novos governantes, mesmo os da continuidade é: OUÇA O RELATÓRIO DAS RUAS E RECOMECE.

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