Nem "O Globo" escapa do diversionismo de nossos analistas.

No jornal O Globo de hoje, em matéria com o título  Derrota de Dilma indica fim do dominio do PT no estado, acreanos, petistas no meio, anunciam a queda do vianismo e a derrota da FPA em novos embates. Com mais ou menos razão tenta-se explicar os resultados das eleições e assinalar algumas perspectivas.

A parte inusitada fica por conta da acusação que faz o jornalista Antonio Alves de que os sucessivos governos da FPA escolheram controlar a imprensa. "No Acre não existe imprensa, existe assessoria de imprensa. Quem ganha o governo leva a imprensa de contrapeso. A tentação de dominar os meios de comunicação parece irresistível." Demorou pra notar, hein?

Já o deputado eleito, Sibá Machado, prefere ver na derrota da Dilma uma questão de antipatia "As pessoas simplesmente não gostaram dela e pronto. Não tem explicação." De tão simplista, a opinião nem parece refletida.

Se de fato está selado o fim do petismo-vianismo no Acre como sugerem os entrevistados, o que não me parece certo, a causa central não é, seguramente, nenhum dos aspectos mencionados de modo ligeiro na matéria. O autoritarismo e o controle da imprensa são muito importantes - já assinalei isso em outro post, mas não determinariam o resultado proposto se houvesse satisfação com o desenvolvimento econômico do estado e com os serviços básicos prestados.

A propósito, o jornalista Nelson Liano Jr. faz uma abordagem hoje no jornal A Gazeta "Politica é como nuvens" que me parece bem mais próxima da realidade quando aponta questões cruciais a serem enfrentadas pelo novo Governador - industrialização do estado e solução da questão da saúde pública. É mais do que isso, mas este é o sentido das ações que podem recuperar o prestigio eleitoral da FPA.

O que dá para perceber de algumas declarações vindas da FPA é que a ficha caiu mas não se sabe aonde. Ou, então, não querem saber. Um sem numero de causas secundárias que são apresentadas para o desfecho da campanha com a acachapante derrota da dona Dilma parece estratégia para driblar o adversário sem de fato enfrentá-lo.

Pensemos, seguindo o raciocínio destes renitentes, que de agora em diante cessará a pressão sobre a imprensa, a rede pública de rádio e TV terá espaços fraternalmente divididos com a oposição, os sindicatos serão desaparelhados, os cargos serão preenchidos pelo mérito e não por aquela carteirinha, a administração será humanizada (era desumana?), na ALEAC a oposição jamais será atropelada pelo rolo compressor do governo, as instituições federais terão completa autonomia e as prefeituras terão o mesmo tratamento na efetivação de convênios. Que tal? Uma mudança e tanto, não?

Pois é. Mas não adiantará. Como se pode notar as mudanças são de estilo, de forma e não de conteúdo naquilo que é a função mesma do governo, ou seja, prestar serviços públicos de boa qualidade e direcionar os investimentos para criação de atividades que gerem oportunidades de emprego e renda. Este sim deve ser o alvo da mudança.

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