Tão bonzinho...
De uns tempos para cá o deputado Marcio Bittar resolveu virar
articulista. Não sei quem anda escrevendo os textos que assina, posto que as
letras, ao contrário dos números, não são da sua intimidade, mas, de qualquer forma,
vale como sua opinião. Nada demais.
Neste domingo publica um artigo em que faz profissão de fé a luta
pela unidade das oposições, sendo esta, segundo ele, a única forma de ganhar as
eleições em Rio Branco e em outros municípios. Em se tratando dos municípios do
interior, deve estar certo, já que não havendo segundo turno, a divisão na
oposição só pode resultar em facilidade para quem está no governo. Apenas
lógica.
Já em Rio Branco, com segundo turno, a coisa toma outra dimensão.
Algo que o deputado não disse é em torno de quê se deve unir as oposições. Mais
do que em torno de quem, é esta a pergunta que os eleitores fazem. Já disse certa
vez neste blog que para o executivo a pergunta relevante é em relação ao
projeto subjacente à candidatura. Não basta a oposição ter um candidato eleitoralmente
viável, aliás, dois, no presente caso. É preciso ter um projeto, o que
significa dizer o que vai fazer como prefeito.
Infelizmente, desta pergunta o deputado foge como o diabo da cruz,
embora jure que foi conselheiro em um fórum de desenvolvimento em Manaus
quando o Estado era governado por Eduardo Braga, o novo líder do Governo no
Senado. O projeto é o xis da questão. As letras que assinou não tratam do assunto, isto porque seu projeto é de poder e não de governo.
An passant, o deputado ainda faz questão de
enfileirar as vezes em que renunciou à candidaturas ao Senado. Conheço bem o
miolo deste percurso. A primeira renúncia, em 2002, foi por desconfiança e não
por desprendimento. Achava que seria enganado pelo PT. Na sua opinião,
assim que fizesse a transição para o lado governista, seria largado às feras
pelos Vianas e pela Marina Silva. Geraldinho topou e ganhou. A segunda
vez, em 2010, foi por covardia e avareza. Sabia que a eleição para a Câmara dos
Deputados estava garantida, viu o "cavalo do senado" passar arriado
mas foi frouxo, teve medo de perder e ficar, como se diz no sertão, sem mel nem
cabaça. Além disso, fez as contas. Seria deputado sem gastar um centavo do
próprio dinheiro, já para o Senado, achou que teria que contar com muita grana.
Como havia perdido os generosos financiadores de outras campanhas, ainda tentou
com o partido que desta vez não acreditou nele. Sem grana sobrando, nada de
candidatura. Mais uma vez a "renúncia" não teve nada de
desprendimento. No vácuo de sua covardia, o Petecão entrou com tudo, fez os
acordos necessários e ganhou sem gastar quase dinheiro nenhum. A
terceira vez, atual, para prefeito, é menção falsa, mentirosa. Bem que tentou
atropelar o Bocalom com a tal votação extraordinária, ocorre que, neófito no
partido, não teve forças para se impor. Foi vencido internamente pelo Bocalom e
agora, a contragosto, se obriga a apoiá-lo.
Uma perguntinha: Por que o Deputado fez questão de enfiar no texto
essas "renúncias"? Ema respostinha; Quer se cacifar para a próxima,
ou seja, da próxima vez quer ser candidato ao Senado ou ao Governo, pois já foi muito
"bonzinho" antes. Gladson, Petecão, Flaviano e outros que se cuidem.
É isso aí. Desprendimento, generosidade, renúncia em favor de
alguém ou de algo são atributos que o deputado Marcio Bittar não conhece, não pratica e não
respeita.
Comentários
Postar um comentário