"A reforma agrária não é só distribuir terra". É mesmo?


Essa vem do Veja On Line

Dilma e o novo ministro aproveitaram a oportunidade para renovar as promessas de reforma agrária, mas também para fazer um esclarecimento. “Reforma agrária não é só distribuição de terra, mas garantia das condições de desenvolvimento para as populações que acessem essas terras”, disse a presidente. “De nada adianta distribuição de terra com permanência das populações rurais na extrema pobreza.” A presidente agradeceu e elogiou o trabalho de Florence, que, na fala dela, contribuiu para a continuidade da paz no campo.


É mesmo? Sinceramente, desde que fui apresentado à reforma agrária, lá pelos anos setenta, que vejo esta obviedade ululante sendo repetida. Tanto que virou babaquice. Ai me vem a dona Dilma, que entende tanto de reforma agrária quanto eu de física nuclear dizer a velha bobagem na posse do novo ministro. Putz! Já não fazem 9 anos que a turma do RS e do MST (RS quer dizer Rio Grande do Sul, não confundir com R$) manda no MDA e no INCRA? Por que raios a reforma agrária não anda? Meus poucos leitores devem estar pensando: "Diga você." Pois digo mesmo.

A reforma agrária não anda porque perdeu o bonde da história. É tardia. Tanto em termos sociais quanto econômicos a reforma agrária entendida como transformação da estrutura fundiária mixou. Aquele romantismo que servia de pano de fundo para a distribuição de terra entre os explorados do campo faz tempo que virou fumaça, hoje só existe na cabeça de socialistas dementes. Assentado não quer ser caipira, matuto, capiau, colono, colonheiro... Assentado quer internet e baile funk.

Conheço assentamentos em todas as regiões brasileiras. Sabem o que falta principalmente em todos eles? Gente. É isso ai. Mesmo com todos os programas de apoio e a grana imediata liberada pelo governo, os assentados se mandam. Nos assentamentos assim como em toda a agricultura familiar a população envelheceu, a juventude se mandou para as cidades em busca de empregos e oportunidades reais de obtenção de renda e de realização pessoal. Os que ficam vivem da aposentadoria dos velhinhos. Está lá no Censo Agropecuário, vejam os dados. O papel da agricultura na geração de empregos é cada vez menos importante em comparação com os outros setores da economia. Esta é uma tendência universal que me faz lembrar um grande amigo já falecido, o Dr. Otavio Reis Filho. Disse-me ele certa vez, se referindo aos seringueiros "Quem aprende as noções básicas de português, matemática, história e geografia não fica no seringal". Não fica é no mato, em nenhum mato, digo eu.

De qualquer forma, como o MDA não é só reforma agrária, esperemos que o distinto faça uma boa gestão à frente do ministério. A agricultura familiar existe, é relevante e precisa de apoio, de fomento, de assistência técnica, de acesso ao crédito, de organização para a gestão dos recursos, de modernização de seus processos produtivos, de integração ao mercado, de infraestrutura, de serviços básicos... Não vamos desprezá-la só porque a reforma agrária não anda.






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