Marcha contra a corrupção. O pavio está aceso.

As marchas contra a corrupção que aconteceram ontem em algumas das principais cidades brasileiras são um alento. Não são a nossa primavera, infelizmente. É que no nosso caso as organizações da sociedade que poderiam conduzir a luta contra a corrupção, leia-se a UNE, as centrais sindicais e outros movimentos populares, estão é se defendendo. Penduradas nas tetas do governo, tornadas pelegas por lideranças políticas, transformadas em aparelhos partidários, não podem entrar em tal contradição. Acusar o patrão de corrupção seria demais.

De todo modo, contextualizado como expressão autêntica, não corportativa e espontânea da população, deve ser comemorada. Talvez até mais do que imaginamos. Não é fácil tirar conclusões a respeito desse movimento já que os mecanismos de aferição existentes não estão calibrados para algo tão especial. Se fosse uma manifestação daquelas custeadas pelo governo através de certas organizações se poderia dimensioná-la e fazer comparações numéricas. Não é o caso. Os poucos milhares de pessoas que sairam de casa no feriado para fazer um protesto autêntico podem ser representativos apenas de si mesmos ou de milhões de pessoas que resolveram ficar em casa ou cumprir outro programa. Não se sabe.

Importante é que está acontecendo e isso tem um simbolismo extraordinário. A sociedade brasileira está atenta. Escorregões do governo na questão ética serão menos tolerados daqui em diante porque o pavio da indignação está aceso e pode levar a um alastramento incontrolável. Não abusem.

Comentários

  1. Tem razão não é a mobilização que queríamos, mas não deixa de ser um alento, um mísero fiapo de esperança de que nem todos setores da sociedade estão acomodados nem renderam-se à mais-valia e ao dolo do dinheiro público.

    Numa das reportagens de TV sobre as manifestações anti-corrupção, não pude deixar de me emocionar vendo o depoimento de um senhor idoso em que ele declamava poema de Manuel Bandeira, aquele que diz que chegaria o dia em que homens honrados teriam vergonha de o serem, ao final do verso ele tinha lágrimas nos olhos e eu também.

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