Arquibaldo Antunes foi vítima de um estelionato moral.

Conheço o jornalista acreano Archibaldo Antunes há muitos anos. Estivemos juntos várias vezes enquanto partilhávamos o mesmo projeto que para nós era político, de transformação, de realização da capacidade produtiva do Acre mas que, aos poucos, foi se revelando uma fraude, um projeto pessoal de um ser desprezível, arrogante e manipulador, cujo único objetivo é o enriquecimento, já que para ele o dinheiro substitui com vantagens o conhecimento, a cultura, o saber, a reflexão criativa, acúmulos do qual é solenemente incapaz.

Arquibaldo Antunes é, todos sabem, um exímio redator. Sua pena talvez seja a mais hábil e interessante entre os jornalistas acreanos. Possui uma inteligência rara, nutrida pela leitura e observação crítica dos fatos. Talvez paradoxalmente é, também, um crédulo. Por muitos anos emprestou sua elaboração à perspectiva de um projeto que necessariamente tinha um líder e uma interlocução política com a sociedade e, para isso, não mediu esforços. Tomou partido, foi contra a corrente, se indispôs, quebrou pontes. Em alguns momentos renunciou à carreira, ao trabalho formal, aos colegas de profissão e dedicou-se de modo quase solitário a sustentar no verbo escrito, na assistência intelectual, na assessoria direta, um discurso e uma estratégia política. Foi enganado.

Arquibaldo foi vítima de um estelionato moral. O que é isso? Explico. A correspondência privada de afinidades e atitudes, a demonstração de afeição, admiração etc., pertencem ao campo da moral, fazem parte do que conhecemos como amizade e, em seu nome, favores, concessões e mesmo sacrifícios são pedidos e oferecidos. Quem não é capaz de se sacrificar por um verdadeiro amigo? Quem não é capaz de ser generoso quando se trata de ajudar ou socorrer um amigo? Pois é. Infelizmente há gente que ardilosamente identifica essa capacidade nas pesssoas para explorá-las em benefício próprio. De um Arquibaldo é capaz de arrancar a melhor idéia, a melhor elaboração, o melhor texto, tudo em nome de uma suposta amizade, já que a remuneração, quando há, é irrisória, afinal está-se tratando de "amigos". O crédulo nem nota a exploração de que é vítima até que ela se revela com toda crueza como estelionato -  a amizade oferecida é vazia como um cheque sem fundos.

Há neste contexto outro aspecto que precisa ser explicado. Os avarentos e exploradores da boa fé alheia precificam a amizade. É o seu caráter mais desumano e calhorda. O Arquibaldo foi precificado, não o seu trabalho, pois se de trabalho se tratasse este teria sido corretamente avaliado, negociado e pago desde o inicio. Ao dispensar ao jornalista o tratamento mesquinho e pulisânime o estelionatário fez um cálculo e concluiu que lhe dar as costas era financeiramente mais vantajoso. Outros Arquibaldos sempre há por ai, pensou o oportunista. Melhor ainda se puder desqualificá-lo, se puder diminuí-lo profissionalmente.

Não. Pode parecer, mas não sou um amigo em defesa do Arquibaldo. Não privo de sua companhia, nunca fui na sua casa, nunca saimos para beber juntos, não conheço seus filhos (nem sei se os tem). O Arquibaldo tem a minha admiração como intelectual e jornalista e tem a minha solidariedade.

Comentários

  1. Valter, participei junto com você e o Archibaldo do mesmo "projeto", embora em atribuições diferentes, estivemos ali, ombro à ombro lutando pelo que achávamos correto e que se apresentava como um "projeto político". Era outra coisa! O "pagamento" para mim foi o mesmo que para o Archibaldo e a decepção é a mesma, tanto é que pedi o desligamento do partido quando o indivíduo assumiu a presidência, embora tenha sido convidado pelo Bocalom a ficar. Se o Archibaldo necessitar estarei pronto para depor em favor dele, pois, sou conhecedor de seu trabalho como profissional do jornalismo, do qual é "impar" em nosso Estado.

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  2. Obrigado, Valterlúcio, pelo belo texto, pela defesa ponderada e precisa, e sobretudo pela solidariedade. Nessas horas a gente pode perceber quem honra as calças que veste. Abraço.

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